A Casa da Carreira

terça-feira, março 28, 2006

Os 10... 9... 8 Ensinamentos da Linna

A Linna é imigrante de Leste. Mora, claro está, na Carreira House (obrigada Polina ;-)) Tem mais de 50 anos, e aqui em casa achamos que ela é bastante corajosa em emigrar assim para ajudar a família... Está cá, em Portugal, há 5 anos, mais ou menos, mas o Português dela não é por aí além. No entanto, os 'ensinamentos' dela conseguem achar o caminho certo para os nosso ouvidos... feliz ou infelizmente... isso ajuizem vocês:

1 - "Vocês não deve deixar rapaz longe porque homem quer c0#4" (sim, o homem quer vagina - nota da autora)... homem aguentar máximo 3 semanas, depois..."

Traduzindo, nós que estamos longe de casa a trabalhar, não deviamos vir e deixar o namorado longe, isto porque o Homem tem necessidades e que satisfazê-las.

2 - "Sim, poder usar mão mas homem quentinho quer..."

Sabem aqueles bonecos com os olhos muito abertos que se usam no messenger e afins?... foi mais ou menos assim que nós ficamos.

3 - "Tamanho homem tem ver com dedo."

Isto é, o tamanho do pénis do homem tem a ver com o tamanho de um dos dedos da mão... ou seria do nariz?!?!

4 - "Que quer... não tem cultura, não quer estudar! Não ter instituto! Blet!"

Isto é o resumo do que ela pensa dos portugueses em geral. Blet é uma asneira que não vou, obviamente, traduzir.

5 - "Normal, normal... depois volta ucrânia, arranja marido e esquecer tudo..."

Isto surgiu no decorrer de uma conversa sobre os emigrantes de leste que não estão em Portugal. Resumindo isto quer dizer que as mulheres de leste que estão num certo país estrangeiro que trabalham em bordéis e nas ruas, vão voltar um dia para a terra delas, arranjam marido e o que fizeram, esquece-se porque é "normal, normal"...

6 - "Portugal não ler 'litêratura'... blet..."

Ao início pensei que ela queria dizer que não lemos livros, o que não é mentira pois há um grande déficit de leitura neste país. Não sei porquê mas os miúdos gostam cada vez menos de ler e dedicam cada vez menos tempo a estudar algo que não sejam obrigados a fazer... mas isso é uma outra história. Afinal, e foi a Dó que descobriu (o seu a seu dono), a" litêratura" da Linna são as revistas cor-de-rosa... A Maria, a TVGuia, a TV+ etc etc... isso é que é "litêratura".

7 - "Eu ter carro japonês, melhor como peugeout!"

A primeira parte estou certa que entendem, quanto à segunda eu explico. Ela tem um carro japonês, que é um Toyota fiquem sabendo, é melhor do que o peugeout. Se esgravatarmos um pouco mais decobrimos que o carro dela é melhor que todos os nossos, mas isto de acordo com a opinião dela. Observem:

--Ah, mas eu tenho um toyota! - disse alguém.
--Sime, mas toyota também faz europa, meu japonês! - diz ela
--Ah, quer dizer que o meu toytota não é bom porque é europeu mas o seu é melhor porque é japonês?
--Sime.

8 - "Sabe, Canadá mandar embora português e agora amigo meu ucrania ir para lá porque tem instituto."

E eu perguntei:
--Como? Vêm embora porquê?
--Não tem instituto! Agora ucranio ir, ter instituto.

Claro que houve logo protestos da nossa parte porque não é isso que aconteceu, mas a ela é-lhe igual.

Eu queria postar 10 ensinamentos... mas começaria a repetir-me... fica para a próxima. Conforme forem surgindo. Há 2 dias que não a vemos...

domingo, março 26, 2006

A Pomba

--O que se passa?! - perguntou a Dó.
--Uma pomba! - respondemos nós (eu e a Santana) da cozinha.
--Uma pomba??? - pergunta a Dó de lá de dentro ainda - Mas uma pomba no sentido denotativo ou conotativo da palavra?

Pois, para entenderem melhor, há que precisar que sentido denotativo é o sentido que a palavra realmente tem e que sentido conotativo é o sentido que damos à palavra que pode não ter muito a ver com a realidade... Ora, cá na zona, POMBA no sentido conotativo tem a ver com o Homem, mais precisamente, a parte inferior do homem, os genitais masculinos. Ou seja, se algum dia ouvirem dizer: Olha, vi-te a pomba!, é porque vos viram o órgão sexual (masculino, claro está) (não sei se repararam que estou a ter uma escolha de palavras cuidada para não chocar susceptibilidades, se preferirem uma linguagem mais clara,é só dizer...).

--No sentido conotativo - disse eu. A Dó veio logo a correr e eu perguntei - Mas qual é o sentido denotativo ou conotativo, já não me lembro...
Claro que ela, ao ver a pomba em cima dos tachos na cozinha percebeu que era uma pomba no sentido denotativo (hehehe).

Mas eu conto tudo desde o início.

Estava eu e a Santana na sala (eu a deambular no pc e ela a deambular pelas novelas da TVI) quando entrou a Aline muito aflita:

--Ai... está ali uma pomba em cima da prateleira! Eu tenho medo...

Medo de uma pomba!? - pensei eu...

--Uma barata? - cá está o meu terror por baratas a manifestar-se.
--Não - diz a Aline - uma pomba.

Eu e a Santana olhamos uma para a outra e levantamo-nos para investigar. De passagem agarrei numa vassoura não fosse realmente ser uma barata!

Lá estava a pobre pomba em cima dos tachos na cozinha a olha para nós mas muito descansada e nada stressada por estar naquele ambiente. A Aline veio atrás de nós e, enquanto nos punhamos em cima dos bancos para tentar apanhar o bicho (completamente alheias as instruções do ministério quanto a aves que se deixem apanhar - não lhes toquem!!!), ela encosta a porta e põe só a cabeça de fora a espreitar (lembram-se, ela tem medo de pombas). Pois nem eu nem a Santana conseguimos apanhar o bicho (não devia estar com a tal gripe, afinal), e a Dó, muito desiludida por não ser uma pomba no sentido conotativo, não ajudou muito (desculpa lá, Dó, mas é verdade).

A ave, já deseperada por estar a ser incomodada, resolve começar a tentar pousar nas paredes e nas portas e também nas janelas. Como ela não tinha propriamente medo de nós desde que nos mantivessemos a uma distância de segurança, fui buscar a vassoura que tinha trazido e quando a pomba tentou pousar na janela, pus-lhe a vassoura por baixo e ela agarrou-se a ela tipo poleiro.

Risota geral, claro. Viro-me para a porta e digo à Aline: Ei, abre a porta!
Sabem o que ela fez? Fugiu... pois é... fugiu... desde esse momento não a voltei a ver...

Mas lá vim eu com a ave, muito calma a abanar o pescoço conforme eu avançava, em cima da vassoura. Deu até para tirar umas fotos.

Chegadas lá fora, dei-lhe a liberdade. Ela lá foi e, logo a seguir, voltou e pôs-se ali fora da janela a olhar para cá com um ar muito triste como a dizer: Eh pá, agora que tinha achado um lugar quentinho vocês puseram-me fora.

Hoje estive a olhar para o fogão e descobri por onde é que ela entrou: pela chaminé. De passagem deixou-nos um presente.

sábado, março 25, 2006

A Grande Invasão

Houve o dia em que fomos invadidas por baratas. Sim, daquelas grandes e castanhas, e das que voam. O que vale estas não voaram, se não tinha sido o fim do mundo. Como só andavam pelo chão eu peguei numa vassoura e, aos gritos (eu ODEIO baratas), comecei a malhar-lhes em cima. Foi lindo... acho que cortei ao meio umas dez, sim, no fim contei os corpos para conseguir avaliar a minha vitória.

Estavam também comigo mais algumas amigas que ajudaram ao pânico. Sinceramente, não me lembro quem eram, só me lembro das baratas horríveis a entrar por baixo da porta que dá para o pátio e nós, com um misto de nojo e asco em conjunto com medo e horror, a gritarmos e a arranjar maneira de elas não continuarem a entrar pondo o tapete da cozinha na fenda que havia por baixo da porta.

Repito... foi lindo...

quarta-feira, março 22, 2006

Apresentação da Casa da Carreira

Ok, somos raparigas que vivem numa casa na Carreira. Nada de estranho, a não ser que dividimos todas a mesma casa... imaginem 20 raparigas juntas na mesma casa, com uma cozinha e uma casa de banho... mas a casa de banho é grande, diga-se de passagem.

Há as que são professoras, as que estudam, as que estão desempregadas e até temos as que estão a fazer teses... há também as que trabalham noutros sítios e que têm horários mais complicados... há as que são daqui e as que são de leste... somos só mulheres... o que é complicado.

Vou tentar fazer aqui um diário das nossas maluquices e doideiras.